Réplicas e tréplicas

Réplicas e Tréplicas

 Lucimar Luciano de Oliveira e Antonio Carlos Martins Sepulveda

Definição de soneto:

soneto (do italiano sonetto, pequena canção ou, literalmente, pequeno som) é um poema de forma fixa, composto por quatro estrofes, as duas primeiras de quatro versos cada uma, os quartetos, e as duas últimas de três versos cada uma, os tercetos. A forma mais comum é a que contém dez sílabas poéticas por verso, classificando-se como decassílabo, geralmente com acentuação rítmica na sexta e décima sílabas (verso heroico) ou na quarta, oitava e décima sílabas (verso sáfico). Os sonetos costumam ter uma estrutura semelhante. O texto começa com uma introdução, que apresenta o tema, seguida de um desenvolvimento das ideias e termina com uma conclusão, que aparece no último terceto. Essa é, em geral, a estrofe descodificadora de seu significado.

<https://pt.wikipedia.org/wiki/Soneto>

Tempos atrás, andei divulgando entre os amigos um dos meus sonetos, que celebrava o amor, tema constante da produção poética, em todos os tempos e em todos os lugares:

Náufrago (Lucimar L. Oliveira)

 Na praia desses olhos desmaiei,
Como um náufrago roto e fatigado,
Das braçadas em fuga do passado,
No mar da vida, inóspito e sem lei.

 Nas etapas vencidas, me cansei
De buscar novos rumos, lado a lado
Com arlequins e palhaços, mergulhado
Num reino de ilusões, onde sou rei.

 Quero apenas o clima desta aldeia
E uma casinha simples, junto ao mar,
Neste resto de vida, que escasseia.

 Pois, se entronizo a Musa em meu altar,
Sei que tenho a meu lado essa sereia
De mãos dadas comigo, a caminhar.

Para minha surpresa e grande satisfação intelectual, recebi uma inspirada resposta do amigo Antonio Sepulveda, conhecido escritor e poeta, também em forma de soneto:

Réplica (A. Sepulveda)

 

Em praia igual à tua despertei,

Alegre, bem-disposto e motivado;

Num sono descuidoso e sossegado,

Ao som do mar sereno repousei.

 

A trama desta vida eu superei

Com mulheres e vinho azafamado,

Amando intensamente e sendo amado,

E o hedonismo tornou-se minha lei.

 

Quero a azáfama rude da cidade,

E uma augusta mansão à beira-mar

Pra viver na volúpia à saciedade.

 

Vou sentir o furor desta libido

Bem longe de tuas musas e do altar.

Quero comer o fruto proibido.

 

Não me furtei a responder o desafio do amigo, até porque poderia trabalhar e contradizer, poeticamente, as principais linhas de sua resposta. Mandei-lhe, quase num impulso, outro soneto:

Tréplica (Lucimar L. Oliveira)

Mas eis, amigo, a vida continua
E traz muita surpresa ao nosso olhar…
Não te deixes no sono sossegar
Que a bruxa má do sonho se insinua…

 Não fiques por aí, olhando a lua,
Esperando esse mundo se acabar,
Gozando a vida e o tempo devagar,
Perambulando, à toa, pela rua…

Pois a volúpia é vã, não tem sentido,
Não constrói nada, é apenas ilusão,
Neste mundo caduco, envelhecido…

Aprende que o que conta é o coração,
A alma boa, o bem distribuído,
A família, o amor, a devoção!

Não diria que foi uma nova surpresa, pois bem conheço e aprecio o talento e a energia intelectual do amigo de muitas fainas, reconhecido autor da letra do hino da Hidrografia, pois novamente recebi sua competente resposta:

Réplica à Tréplica (A. Sepulveda)

 

Que a vida, então, amigo, seja um luxo,

E a surpresa animize a adrenalina.

É bem-vinda essa bruxa feminina,

Porque meu sonho não aceita bruxo.

 

Da vida mansa adoro o seu empuxo,

Pois sei que o fim do mundo é a minha sina,

Seja eu cortesão de Messalina,

Ou – Que azar! – um bondoso frei cartuxo.

 

A volúpia não é um devaneio,

É o cheiro, o odor di femina, a indecência,

São carícias no frêmito de um seio.

 

Mas o que vale mesmo é a loucura

De um mundo que matou toda a inocência,

E onde a carne á mais forte que a alma pura.

 is

Quem terá razão? A decisão é de vocês, leitores.

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